Tratamento do Edema Macular

🟦 COMO É O TRATAMENTO DO EDEMA MACULAR?
🟩 O que é o edema macular?
O edema macular é uma das causas mais comuns de perda de visão central e ocorre quando há acúmulo de líquido na mácula — a região central da retina responsável pela visão de detalhes, leitura e reconhecimento de rostos. A retina funciona como o “filme” da máquina fotográfica do olho, captando a luz e enviando as imagens para o cérebro. Quando a mácula incha, essa estrutura tão delicada e essencial perde sua capacidade de formar imagens nítidas.
Esse inchaço pode ter várias origens, mas em todos os casos o resultado é semelhante: visão borrada, distorcida e, muitas vezes, dificuldade para ler ou enxergar pequenos detalhes.
🟩 Principais causas do edema macular
As causas do edema macular são variadas, e conhecer a origem é fundamental para direcionar o tratamento mais eficaz. Entre as mais comuns, destacam-se:
Retinopatia diabética: em pacientes com diabetes, os vasos da retina tornam-se frágeis e passam a vazar líquido e proteínas, provocando o inchaço da mácula. É a principal causa de baixa visual relacionada ao diabetes.
Oclusões venosas da retina: também conhecidas como “tromboses oculares”, ocorrem quando há um bloqueio no fluxo sanguíneo de uma veia retiniana, levando ao extravasamento de fluido na mácula.
Cirurgias oculares e inflamações intraoculares: como uveítes e procedimentos oftalmológicos prévios, que podem causar alterações temporárias na barreira hematorretiniana.
Degeneração macular relacionada à idade (DMRI) exsudativa: embora seja uma condição distinta, também envolve extravasamento de fluido e neovasos, sendo tratada de forma semelhante.
🟩 Como o edema macular afeta a visão?
A mácula é uma área minúscula, mas com papel gigantesco na qualidade da visão. Quando há acúmulo de líquido entre as camadas da retina, as células fotorreceptoras — responsáveis por captar a luz — deixam de funcionar adequadamente. O paciente passa a perceber:
visão embaçada, especialmente ao tentar ler;
linhas retas que parecem tortas;
cores menos intensas;
dificuldade para reconhecer rostos;
sensação de mancha central na visão.
Esses sintomas geralmente não causam dor, o que faz com que o diagnóstico dependa de exames de imagem, como a tomografia de coerência óptica (OCT), capaz de mostrar o inchaço em detalhes.
🟦 O avanço dos tratamentos na última década
O tratamento do edema macular evoluiu enormemente nas últimas duas décadas, graças ao desenvolvimento de medicamentos chamados antiangiogênicos. Essas drogas revolucionaram a oftalmologia ao atuar diretamente sobre os vasos sanguíneos da retina, reduzindo o vazamento de líquido e, consequentemente, o inchaço da mácula.
Antes desses medicamentos, as opções eram mais limitadas e menos eficazes. Hoje, com as injeções intravítreas, é possível preservar e até recuperar parte da visão em muitos casos.
🟩 O que são as injeções intravítreas?
As injeções intravítreas consistem na aplicação de uma medicação diretamente dentro do olho, no vítreo — o gel transparente que preenche o globo ocular. A dose injetada é minúscula, mas age de forma localizada e poderosa, reduzindo os efeitos adversos sistêmicos que ocorreriam se a medicação fosse administrada por via oral ou intravenosa.
O procedimento é rápido, realizado com anestesia local (em gotas), e o paciente permanece acordado o tempo todo. Após a limpeza com solução iodada para prevenir infecções, o oftalmologista injeta o medicamento através do branco do olho, a cerca de 4 milímetros da córnea. A agulha utilizada é extremamente fina, semelhante à de insulina.
Nos primeiros dias, é comum sentir leve desconforto ou irritação, mas esses sintomas costumam desaparecer em 24 a 48 horas. A taxa de complicações graves, como infecção ocular (endoftalmite) ou descolamento de retina, é extremamente baixa — cerca de 1 caso a cada 10 mil aplicações.
🟦 Medicamentos antiangiogênicos disponíveis
Atualmente, há várias opções de antiangiogênicos aprovadas e amplamente utilizadas no tratamento do edema macular:
Ranibizumabe (Lucentis®)
Aflibercepte (Eylia® e Eylia HD®)
Faricimabe (Vabysmo®)
Essas medicações atuam bloqueando o VEGF (Fator de Crescimento Endotelial Vascular), uma molécula que estimula o crescimento e o vazamento dos vasos anormais da retina. O bloqueio do VEGF interrompe o processo inflamatório e reduz o inchaço da mácula, promovendo a recuperação visual.
O Vabysmo e o Eylia HD representam as gerações mais recentes, com moléculas mais potentes e duradouras, permitindo intervalos maiores entre as aplicações — o que aumenta o conforto e a adesão dos pacientes ao tratamento.
🟩 Protocolos de tratamento: tratar e estender
O esquema mais utilizado atualmente é o protocolo tratar e estender (treat and extend). Nesse modelo:
São aplicadas três injeções mensais consecutivas para estabilizar o quadro inicial.
Após essa fase, o médico avalia a resposta da mácula nos exames e estende gradualmente o intervalo entre as aplicações — de 2, depois 3, 4 meses, e assim por diante.
Essa estratégia permite personalizar o tratamento conforme a resposta individual, mantendo a mácula seca por mais tempo e evitando recaídas.
Outros protocolos, como o PRN (pro re nata), utilizam as injeções apenas quando há sinais de piora. A escolha depende da doença de base, da resposta ao tratamento e da avaliação do especialista.
🟩 O papel dos corticoides no edema macular
Além dos antiangiogênicos, há casos em que o edema macular responde melhor a medicações corticoides, que possuem forte ação anti-inflamatória. Entre eles, o mais moderno é o Ozurdex®, um pequeno implante de dexametasona que libera o medicamento gradualmente por cerca de quatro meses dentro do olho.
Esse implante é inserido através de um aplicador semelhante a uma caneta, pelo mesmo local usado nas injeções intravítreas. Ele é especialmente útil em pacientes que não responderam bem aos antiangiogênicos ou que têm contraindicações a esses medicamentos.
O principal cuidado com o uso de corticoides é o risco de aumento da pressão intraocular e formação de catarata, efeitos colaterais que exigem acompanhamento rigoroso pelo oftalmologista.
🟦 Cuidados após o procedimento
Após a aplicação intravítrea, o paciente deve:
Evitar coçar ou pressionar o olho nas primeiras 24 horas;
Usar colírios lubrificantes novos para conforto;
Dormir cedo e descansar no mesmo dia;
Procurar o médico se houver dor intensa, vermelhidão progressiva ou piora da visão após o terceiro dia.
Esses cuidados reduzem o risco de complicações e favorecem uma recuperação tranquila.
🟩 O prognóstico e a importância do acompanhamento
O edema macular é uma condição tratável — mas exige acompanhamento constante. O tratamento não é uma cura definitiva, e muitas vezes o paciente precisa de injeções de manutenção ao longo dos meses ou anos, para manter a mácula seca e a visão estável.
Com os medicamentos modernos e protocolos bem conduzidos, é possível preservar a visão e garantir qualidade de vida, desde que o tratamento seja iniciado precocemente e mantido com regularidade.
🟦 Conclusão
O tratamento do edema macular é um dos maiores avanços da oftalmologia moderna. O que antes levava à perda visual irreversível, hoje pode ser controlado com medicações de alta tecnologia aplicadas de forma segura e eficaz.
Se você tem diabetes, histórico de trombose ocular ou percebeu alterações visuais como visão embaçada ou distorcida, procure seu oftalmologista o quanto antes. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado fazem toda a diferença na preservação da visão.
Autor: Dr. Mário César Bulla
Cremers 28120
Médico Oftalmologista - Cirurgião de Retina
RQE 18.706
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