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Retinopexia com Introflexão Escleral

Cirurgia para Descolamento de Retina: Retinopexia com Introflexão Escleral

Retinopexia com Introflexão Escleral: Uma Técnica Tradicional e Eficaz no Tratamento do Descolamento de Retina


Por Dr. Mário César Bulla – Médico Oftalmologista / Retina

O descolamento de retina é uma das emergências oftalmológicas mais sérias, com potencial para comprometer gravemente a visão se não for tratado de maneira rápida e adequada. Felizmente, a medicina conta hoje com diversas técnicas cirúrgicas eficazes para restaurar a anatomia da retina e preservar a visão. Dentre essas técnicas, destaca-se a retinopexia com introflexão escleral, também conhecida como “buckle escleral” ou “cirurgia do bucle”.

Neste artigo, você vai entender em profundidade como essa cirurgia funciona, quais são suas indicações, benefícios, limitações e como ela se compara a outras técnicas modernas, como a vitrectomia.


O Que É a Retina e Por Que Ela Descola?

A retina é uma membrana finíssima que recobre internamente o olho, como o "filme" de uma câmera fotográfica. É ela que capta a luz e transforma em sinais elétricos, que serão interpretados pelo cérebro como imagem. No interior do olho, há uma substância gelatinosa chamada vítreo, que na juventude é fortemente aderido à retina. Com o tempo, ou após traumas oculares, esse vítreo pode se soltar da retina. Quando isso acontece, ele pode puxar a retina de forma abrupta, causando rasgos ou rupturas.

A partir desses rasgos, o fluido intraocular pode infiltrar-se sob a retina, separando-a do fundo do olho e provocando o descolamento de retina. Se não tratada, essa condição leva à perda progressiva da visão, podendo tornar-se irreversível.


Objetivo da Cirurgia: Recolocar e Fixar a Retina

O princípio fundamental de qualquer cirurgia de descolamento de retina é selar o rasgo retiniano e reposicionar a retina contra a parede do olho. Para isso, existem duas abordagens principais:

  • Abordagem interna, por meio da vitrectomia, com uso de gás ou óleo de silicone.

  • Abordagem externa, que é a retinopexia com introflexão escleral.

Na introflexão escleral, o fechamento do rasgo é feito de fora para dentro, com o uso de materiais cirúrgicos externos ao globo ocular.


Como É Feita a Retinopexia com Introflexão Escleral

A cirurgia é feita em ambiente hospitalar e com anestesia local ou geral, dependendo do caso. O procedimento inclui:

  1. Abertura da conjuntiva – a camada externa que recobre a esclera (parte branca do olho).

  2. Colocação da faixa de silicone – chamada de "banda escleral", ela é posicionada ao redor do globo ocular, geralmente atrás dos músculos retos.

  3. Fixação do “pneu” de silicone – uma peça mais larga que faz pressão localizada sobre o ponto da ruptura, empurrando a esclera para dentro e fazendo contato direto com o rasgo.

  4. Drenagem do líquido sub-retiniano – em casos de descolamentos mais extensos, é necessário realizar um pequeno orifício na esclera para remover o fluido acumulado sob a retina.

  5. Aplicação de laser ou crioterapia – técnicas usadas para cicatrizar o rasgo e evitar que ele volte a abrir.

O resultado final é uma retina reposicionada e selada, com alto índice de sucesso cirúrgico.


Indicações e Contraindicações da Retinopexia com Introflexão Escleral

A técnica é indicada principalmente para:

  • Descolamentos regmatogênicos (por rasgo na retina), principalmente em pacientes jovens.

  • Casos com mínima ou nenhuma tração vítrea.

  • Situações em que se deseja evitar o uso de gás ou óleo de silicone no interior do olho.

  • Altos míopes, com buracos atróficos e retina fina, sem fibroses associadas.

Contraindicações incluem:

  • Casos com fibrose sub-retiniana intensa.

  • Presença de hemorragia vítrea densa.

  • Proliferação vítreo-retiniana grave, que exige remoção interna do vítreo por vitrectomia.


Comparativo: Retinopexia x Vitrectomia

Com o avanço das técnicas de vitrectomia, muitos cirurgiões têm optado por ela mesmo em casos iniciais. No entanto, a retinopexia com introflexão escleral ainda mantém seu valor e oferece vantagens importantes:

Aspecto

Retinopexia Escleral

Vitrectomia

Precipitação de catarata

Rara

Comum

Tempo de recuperação visual

Mais rápido

Mais lento

Uso de gás/óleo

Opcional

Quase sempre necessário

Complexidade cirúrgica

Moderada

Alta

Custo hospitalar

Menor

Maior

Em algumas situações, inclusive, é possível combinar ambas as técnicas, aumentando as chances de sucesso em casos mais complexos.


Resultados e Prognóstico

A taxa de sucesso da retinopexia com introflexão escleral gira em torno de 85% em uma única cirurgia, podendo ser ainda maior em casos bem selecionados. A visão costuma melhorar significativamente após a cirurgia, especialmente quando o diagnóstico e o tratamento são realizados precocemente.

A recuperação visual é mais rápida que na vitrectomia, já que o olho não é preenchido com gás nem precisa de posição específica da cabeça no pós-operatório, exceto quando se associa uma bolha de gás à técnica.


Mensagem Final: Diagnóstico Precoce é Essencial

O sucesso de qualquer tratamento do descolamento de retina depende, em grande parte, da precocidade no diagnóstico e na intervenção cirúrgica. Sintomas como visão de flashes, aumento súbito de moscas volantes ou sensação de "cortina escura" cobrindo parte do campo visual devem ser avaliados com urgência por um oftalmologista especialista em retina.

A retinopexia com introflexão escleral continua sendo uma excelente opção terapêutica, com resultados sólidos, recuperação visual satisfatória e preservação da anatomia ocular.

Autor:

Dr. Mário César BullaMédico Oftalmologista – Cirurgião de Retina

CRM-RS 28120

Membro da Sociedade Americana de Especialistas em Retina

📍 www.clinicabulla.com.br📍 www.especialistaemretina.com.br

🎥 Assista ao vídeo completo: https://youtu.be/mUBcPyhUtlY


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©2025 por Dr. Mário Bulla - Cremers 28.120 - Especialista em Retina.

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