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Recuperação após Injeção Intravítrea

Injeção Intravítrea de Antiangiogênico: saiba como seguir o tratamento de forma correta

Fiz uma injeção intravítrea e a visão melhorou: será que preciso continuar o tratamento?


Imagine fazer um tratamento e, logo após a primeira aplicação, perceber uma melhora nítida na visão. Parece que o problema está resolvido, certo? Mas, quando falamos sobre injeções intravítreas — um dos tratamentos mais revolucionários da oftalmologia moderna —, a resposta não é tão simples. Muitos pacientes nos consultórios oftalmológicos têm exatamente essa dúvida: “Se eu melhorei, por que continuar tratando?”

Neste artigo, vamos esclarecer essa questão de forma profunda, humanizada e baseada nas melhores práticas clínicas, especialmente para você que convive com doenças da retina ou tem um familiar em tratamento.


O que são as injeções intravítreas e para que servem?

As injeções intravítreas revolucionaram o tratamento de diversas doenças que antes levavam inevitavelmente à perda severa da visão. Com elas, é possível controlar o avanço de condições sérias, preservar a visão e, em muitos casos, até recuperar parte da acuidade visual perdida.

Esse tratamento consiste na aplicação de medicamentos diretamente dentro do olho, no chamado vítreo — um gel que preenche a cavidade ocular. Os medicamentos mais utilizados são os antiangiogênicos, que atuam na redução de líquido e vasos anômalos que surgem na retina em diversas patologias. Entre as doenças que podem ser tratadas com esse recurso, destacam-se:

  • Degeneração macular relacionada à idade (DMRI) na forma exsudativa;

  • Edema macular diabético;

  • Oclusões venosas da retina;

  • Membranas neovasculares em miopia alta;

  • Estrias angioides;

  • Retinopatia da prematuridade;

  • Entre outras causas menos comuns de edema ou crescimento anormal de vasos.


A melhora após a primeira injeção: um alívio, mas não o fim do tratamento

É comum que pacientes apresentem uma melhora significativa já após a primeira aplicação. Isso acontece porque o edema (acúmulo de líquido na retina), responsável por parte da piora visual, responde rapidamente à medicação. No entanto, essa resposta inicial não significa que a doença foi resolvida.

As doenças tratadas com injeções intravítreas, em sua maioria, são crônicas. Ou seja, não desaparecem completamente com uma ou duas aplicações. O que o tratamento faz é controlar a atividade da doença. Quando a medicação é interrompida precocemente, existe um risco elevado de recidiva — ou seja, a doença volta a se manifestar, e frequentemente causa mais danos à retina.


Entendendo os protocolos: PRN versus “tratar e estender”

Atualmente, existem dois principais modelos de tratamento com injeções intravítreas:

1. PRN (“pro re nata” ou “conforme a necessidade”)

Nesse modelo, o paciente recebe inicialmente três injeções mensais. Em seguida, é feito um acompanhamento com exames de imagem, como a tomografia de coerência óptica (OCT), e novas aplicações são feitas apenas quando há sinais de reativação da doença.

O problema? Cada nova atividade da doença pode causar um dano adicional e irreversível à retina. A visão do paciente, ao longo do tempo, tende a piorar em pequenos degraus.

2. Tratar e estender

Este é hoje o protocolo mais utilizado por especialistas. Começa também com três injeções mensais, mas, em vez de parar o tratamento, o intervalo entre as aplicações vai sendo gradualmente estendido conforme a estabilidade do quadro.

Por exemplo:

  • Após três injeções mensais, se o paciente estiver estável, o próximo intervalo pode ser de seis semanas;

  • Se continuar estável, passa-se para oito semanas;

  • E assim por diante, até alcançar intervalos de até quatro ou cinco meses.

Se o quadro permanecer estável por um longo período, o médico pode avaliar a possibilidade de suspender temporariamente o tratamento — sempre com monitoramento rigoroso.


Por que continuar mesmo com melhora?

É importante entender que:

  • A melhora inicial é um ótimo sinal, mas não significa cura;

  • A retina, uma vez danificada, não se regenera totalmente. Por isso, cada recaída deixa sequelas;

  • Parar o tratamento antes do tempo certo aumenta o risco de perder, progressivamente, a visão que foi recuperada.

Além disso, nem sempre a melhora é contínua. Em muitos casos, há um grande salto inicial e, depois, uma fase de estabilização. Isso não significa que o tratamento parou de funcionar, mas sim que alcançou o melhor resultado possível. E é justamente nessa fase que o acompanhamento contínuo se torna ainda mais importante.


Casos raros em que é possível parar

Há situações específicas em que, após uma única injeção, a doença não volta a se manifestar. Isso pode ocorrer em:

  • Membranas neovasculares miópicas muito pequenas;

  • Edemas leves secundários a pequenas oclusões venosas.

Mesmo nesses casos, a suspensão do tratamento só deve ser feita após monitoramento rigoroso e com autorização do médico oftalmologista especialista em retina.


Um tratamento que exige comprometimento

Receber o diagnóstico de uma doença crônica da retina pode ser assustador, mas o avanço da medicina oferece hoje alternativas seguras, eficazes e com grande potencial de preservação da visão. No entanto, o sucesso do tratamento depende de três pilares:

  1. Comprometimento do paciente: comparecer às consultas, seguir o protocolo e não faltar às injeções.

  2. Apoio familiar: especialmente para pacientes idosos, o acompanhamento de familiares ou cuidadores é fundamental.

  3. Boa comunicação com o médico: entender o plano de tratamento, tirar dúvidas e relatar qualquer sintoma novo.


Conclusão

A visão é um dos sentidos mais preciosos que temos. Proteger a retina é garantir qualidade de vida, independência e bem-estar. Se você ou alguém da sua família está realizando tratamento com injeções intravítreas, saiba que cada aplicação faz parte de um plano cuidadosamente pensado para preservar o seu olhar para o futuro.

Mesmo que a melhora após a primeira injeção tenha sido marcante, não abandone o tratamento. Converse com seu médico, siga as orientações e, principalmente, mantenha a esperança. A oftalmologia moderna tem transformado vidas, mas a continuidade é o que transforma melhora em manutenção de visão.

Se este conteúdo te ajudou, compartilhe com alguém que possa precisar. E, para mais informações confiáveis sobre saúde ocular, continue acompanhando o canal Retina e Vítreo.

Autor: Dr. Mário César Bulla

Médico Oftalmologista

Membro da Sociedade Americana de especialistas em Retina

Cremers 28120

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©2025 por Dr. Mário Bulla - Cremers 28.120 - Especialista em Retina.

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