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Como colar a retina descolada?

Como Fazemos Para Colar Uma Retina Descolada? Guia Completo Para Entender o Tratamento

O descolamento de retina é uma das condições mais graves da oftalmologia e, quando acontece, exige atenção imediata. Quem já passou por isso sabe o quanto é um momento de medo, insegurança e ansiedade. Quem está vivendo isso agora precisa, sobretudo, de informação clara e confiável para entender o que está acontecendo dentro do olho — e quais são as possibilidades de tratamento.

Neste artigo, vou explicar de forma detalhada como fazemos para “colar” uma retina descolada, quais são as técnicas disponíveis e por que cada uma delas é escolhida em situações específicas. A ideia é que você, familiar ou cuidador compreenda profundamente esse processo e se sinta mais seguro ao longo do tratamento.


O que é o descolamento de retina?

A função da retina e por que ela é tão importante

A retina é uma fina camada amarelada localizada no fundo do olho. Ela funciona como o “filme” de uma máquina fotográfica: é ali que a luz se transforma em impulso elétrico, que viaja pelo nervo óptico até o cérebro, permitindo que você enxergue com nitidez.

Quando essa camada se solta de sua posição natural, a visão simplesmente para de funcionar naquele trecho. A imagem fica borrada, escura, distorcida ou até completamente apagada, dependendo da extensão do descolamento.


Por que a retina descola?

O descolamento mais comum é o regmatogênico, causado por um rasgo na retina. Esse pequeno buraco permite a entrada de líquido para debaixo da retina, criando um “funil” de descolamento que vai aumentando progressivamente.

Existem outros dois tipos:

  • Seroso: causado por inflamação ou acúmulo de líquido, geralmente não requer cirurgia.

  • Tracional: ocorre quando membranas dentro do olho “puxam” a retina, como em casos avançados de retinopatia diabética, podendo ou não precisar de cirurgia.

Mas o foco aqui será no regmatogênico, pois é ele que exige as técnicas cirúrgicas para reposicionar a retina.


O laser pode colar a retina?

Quando o laser é usado

Embora muitas pessoas pensem que o laser “cola” a retina, na verdade ele não recoloca uma retina já descolada no lugar. O laser só atua para cercar áreas de risco, evitando que um pequeno descolamento avance. Ele fortalece a área ao redor de um rasgo — mas não tem força para empurrar a retina de volta.

Por isso, quando há um descolamento maior, precisamos de técnicas que reposicionem fisicamente essa camada dentro do olho.


Principais técnicas para colar uma retina descolada

1. Retinopexia pneumática: a bolha de gás que empurra a retina

Nesta técnica, injetamos uma bolha de gás dentro do olho. Ela sobe (porque gás é mais leve que a água) e empurra a retina para o lugar, fechando o rasgo que deu origem ao problema.

Como funciona?

  • O gás pressiona o ponto rasgado.

  • O líquido debaixo da retina começa a sair.

  • A retina vai se aproximando da parede interna do olho.

  • Depois, aplicamos laser ao redor do rasgo para selá-lo definitivamente.

Importância da posição da cabeça

A bolha sempre sobe, então o paciente precisa ficar na posição correta — muitas vezes dormir para um dos lados — para que o gás pressione exatamente onde está o rasgo. Essa orientação é totalmente personalizada e dada após o exame.

2. Introflexão escleral: empurrando a parede do olho para dentro

Nesta técnica, colocamos uma faixa de silicone na parte externa do olho (na esclera, o “branco” do olho). Essa faixa empurra discretamente a parede ocular para dentro, fazendo com que a retina encoste novamente no local onde há o rasgo.

Como ocorre a recuperação?

Mesmo encostando, ainda existe líquido preso debaixo da retina. Por isso:

  • fazemos uma pequena abertura (esclerotomia)

  • drenamos o líquido

  • e a retina volta ao lugar durante a própria cirurgia

A introflexão pode ser associada à retinopexia pneumática para aumentar o sucesso em casos selecionados.

3. Vitrectomia: a cirurgia mais completa para descolamento de retina

A vitrectomia é a técnica mais moderna e abrangente — e é nela que entra o famoso perfluorcarbono, um líquido pesado que faz toda a diferença.

Passo a passo da vitrectomia

  1. Remoção do vítreoAtravés do vitreófago, removemos o gel interno do olho, o vítreo, que costuma tracionar a retina e piorar o descolamento.

  2. Injeção do perfluorcarbonoEsse líquido especial é mais pesado que a água. Quando entra no olho, ele literalmente empurra a retina para baixo, recolocando-a no lugar com precisão.

  3. Saída do líquido sub-retinianoComo o perfluorcarbono pressiona, o líquido que estava por baixo sai naturalmente pelo próprio rasgo.

  4. Aplicação de laserCom a retina colada pela pressão do perfluorcarbono, fazemos o laser ao redor dos rasgos para fixá-la.

  5. Troca do perfluorcarbono por um tamponanteNo fim da cirurgia, o perfluorcarbono precisa ser removido e trocado por:

    • Ar (fica poucos dias)

    • Gás (fica 1 a 2 meses)

    • Óleo de silicone (fica meses e depois precisa ser retirado)


Em casos excepcionais…

Em situações muito graves, podemos deixar o perfluorcarbono dentro do olho por alguns dias, mas isso é extremamente raro. Na imensa maioria dos casos, ele é totalmente removido na mesma cirurgia.

Repouso e posição da cabeça: parte fundamental da recuperação

Independentemente da técnica — gás, introflexão ou vitrectomia —, a posição da cabeça após o procedimento é crucial. É essa posição que permite que o gás ou o óleo continue pressionando o local certo até o laser aderir de forma definitiva.

O paciente deve seguir religiosamente as orientações do seu cirurgião para garantir o melhor resultado possível.

Conclusão: o objetivo é sempre o mesmo — recolocar a retina no lugar e preservar sua visão

Embora existam diferentes técnicas, todas têm o mesmo objetivo principal:tapar o rasgo e permitir que a retina volte para o lugar com segurança.

Cada caso é único, e a escolha da técnica depende:

  • da posição do rasgo

  • da extensão do descolamento

  • da saúde geral do olho

  • do tempo de evolução da doença

Com diagnóstico rápido e tratamento adequado, as chances de recuperar a visão — total ou parcialmente — aumentam muito.

Se tiver dúvidas, deixe nos comentários do vídeo. Informação boa salva visão.

Autor: Dr. Mário César Bulla

Cremers 28.120

Médico Oftalmologista - Cirurgião de Retina

RQE 18.706

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©2025 por Dr. Mário Bulla - Cremers 28.120 - Especialista em Retina.

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