Sintomas da Degeneração Macular Relacionada à Idade

Quais são os sintomas da degeneração macular?
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma das doenças mais comuns que afetam a retina e está entre as principais causas de perda visual em pessoas acima dos 60 anos. Apesar de ser muito conhecida entre médicos, ainda gera muitas dúvidas nos pacientes: afinal, como ela começa? Quais são os primeiros sinais? Quando é hora de procurar um oftalmologista?
Neste artigo, vou explicar de forma clara e detalhada os sintomas da degeneração macular, diferenciando as formas seca e úmida, e trazendo orientações importantes para que você entenda como identificar precocemente essa condição.
O que é a degeneração macular?
Antes de falarmos dos sintomas, é fundamental entender o que é a mácula.A mácula é a parte central da retina, responsável pela visão de detalhes finos, como ler, reconhecer rostos, dirigir e enxergar cores com nitidez. Quando essa região sofre danos, toda a visão central é comprometida, mesmo que a visão periférica continue preservada.
A degeneração macular é uma doença progressiva, que surge geralmente após os 50 anos, tornando-se mais comum depois dos 70. Ela ocorre por fatores genéticos, envelhecimento celular e também por hábitos de vida, como o tabagismo.
Existem duas formas principais:
Degeneração macular seca – mais comum, representa 85 a 90% dos casos. É caracterizada pelo acúmulo de drusas (depósitos amarelados na retina), alterações do pigmento e, em fases avançadas, pela atrofia da mácula.
Degeneração macular úmida (ou exsudativa) – menos comum, porém mais grave. Ocorre quando vasos sanguíneos anormais crescem debaixo da retina, causando inchaço, hemorragias e cicatrizes que prejudicam a visão rapidamente.
Sintomas da degeneração macular seca
Nos estágios iniciais, a forma seca pode ser silenciosa. Muitas pessoas descobrem a doença em consultas de rotina, sem perceber qualquer alteração visual. Isso acontece porque, no começo, apenas pequenas drusas ou alterações pigmentares aparecem, sem impacto direto na visão.
Conforme a doença progride, os sintomas mais comuns incluem:
Visão embaçada no centro do campo visual: o paciente começa a notar dificuldade para enxergar letras pequenas ou detalhes em objetos.
Necessidade de iluminação mais forte para leitura ou trabalhos manuais.
Dificuldade para adaptar-se ao escuro depois de ambientes iluminados.
Perda gradual da nitidez na visão central, que vai se tornando mais turva com o tempo.
Em casos mais avançados, pode ocorrer a chamada atrofia geográfica, uma forma severa da DMRI seca em que áreas inteiras da retina deixam de funcionar, resultando em grandes manchas escuras no campo visual central.
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Sintomas da degeneração macular úmida
A forma úmida costuma ser mais agressiva e os sintomas aparecem de forma mais evidente. Entre os principais, estão:
Metamorfopsia (distorção visual): linhas retas começam a parecer tortas, onduladas ou quebradas. Esse é um dos sinais mais importantes da doença exsudativa.
Aparição de manchas escuras no centro da visão (escotomas), que dificultam a leitura ou o reconhecimento de rostos.
Visão turva repentina, que pode piorar em dias ou semanas.
Alteração na percepção de cores e contrastes, tornando os tons mais apagados.
Esse tipo de degeneração macular pode evoluir rapidamente e comprometer severamente a visão central se não for tratado a tempo.
O papel da metamorfopsia no diagnóstico precoce
Um sintoma clássico que merece destaque é a metamorfopsia. Trata-se da percepção distorcida das imagens. O paciente pode notar que linhas de um caderno quadriculado ou de uma janela parecem onduladas ou com buracos.
Para auxiliar no acompanhamento, existe a tela de Amsler, um teste simples composto por quadradinhos, no qual o paciente observa se alguma linha aparece torta ou irregular. Qualquer alteração deve ser levada imediatamente ao oftalmologista, pois pode indicar o início da forma úmida da doença.
Diferença dos sintomas entre a forma seca e a úmida
Forma seca: evolução lenta, sintomas discretos, geralmente começando com embaçamento e dificuldade de leitura.
Forma úmida: evolução rápida, sintomas mais graves, como distorções e manchas escuras no centro da visão.
Em alguns casos, o paciente pode ter um olho com degeneração macular seca e o outro desenvolver a forma úmida. Por isso, é essencial avaliar cada olho separadamente durante os exames.
Quando procurar ajuda médica?
Qualquer alteração súbita da visão central, especialmente embaçamento repentino, distorções ou manchas escuras, deve ser avaliada com urgência. Além da degeneração macular, sintomas semelhantes podem indicar outras doenças graves da retina, como:
Buraco macular
Membrana epirretiniana
Edema macular diabético
Trombose venosa da retina
Descolamento de retina
Em todos esses casos, o diagnóstico precoce faz diferença para preservar a visão.
Exames e acompanhamento
O diagnóstico da degeneração macular é feito por meio de uma avaliação oftalmológica completa. Alguns exames importantes incluem:
Retinografia – fotografa a retina para identificar drusas e alterações maculares.
Tomografia de coerência óptica (OCT) – mostra cortes em alta resolução da retina, revelando atrofias, edema ou membranas neovasculares.
Angiografia com fluoresceína – utilizada principalmente na forma úmida, para identificar vazamentos de vasos anormais.
O acompanhamento regular permite detectar alterações precoces e definir o momento certo para iniciar ou ajustar o tratamento.
O que fazer para reduzir os riscos?
Embora fatores como idade e genética não possam ser controlados, há medidas que ajudam a reduzir o risco de progressão:
Não fumar: o cigarro é o principal fator de risco evitável para DMRI.
Alimentação equilibrada: rica em vegetais verdes, frutas e alimentos com antioxidantes.
Proteção solar: usar óculos escuros com proteção UV.
Controle de doenças crônicas: como hipertensão, colesterol alto e diabetes.
Exames oftalmológicos regulares: especialmente após os 50 anos.
Conclusão
A degeneração macular é uma doença silenciosa no início, mas que pode comprometer gravemente a visão se não for diagnosticada e acompanhada de perto. Os sintomas variam desde visão embaçada discreta até distorções e manchas escuras centrais que dificultam a leitura e o reconhecimento de pessoas.
Identificar sinais como a metamorfopsia e buscar atendimento imediato pode ser decisivo para preservar a visão. Além disso, hábitos saudáveis e consultas regulares são aliados fundamentais no cuidado com os olhos.
Lembre-se: a prevenção e o acompanhamento constante são as melhores estratégias para manter sua saúde ocular em dia e proteger sua qualidade de vida.
Autor:
Dr. Mário César Bulla
Cremers 28120
Médico Oftalmologista - Retinólogo
Membro da Sociedade Americana de Especialistas em Retina